terça-feira, 9 de abril de 2013
Algumas obras importantes:
Conteúdo: O quadro
Criança Morta é uma pintura à óleo sobre tela, 176 x 190 cm realizado em 1944.
Portinari aparentemente expressa com sua maneira forte e chocante, os dramas do
povo brasileiro. O que ocasionou forte reflexão naquela época, porque a sociedade
de 1944 não estava preparada para o realismo dos pincéis do pintor. Um dia
perguntaram a Portinari por que ele pintava gente tão feia e miserável e ele
respondeu que fazia porque, olhando o mundo, era só o que via: miséria e
desolação.
O " Lavrador de Café", pintura a óleo que mede 1 metro por 80 centímetros feita em 1939. Ela retrata um trabalhador negro em uma fazenda de café do início do século 20, está entre as obras mais conhecidas do artista e é importante representação desse interesse de Portinari pela temática nacional.
O " Lavrador de Café", pintura a óleo que mede 1 metro por 80 centímetros feita em 1939. Ela retrata um trabalhador negro em uma fazenda de café do início do século 20, está entre as obras mais conhecidas do artista e é importante representação desse interesse de Portinari pela temática nacional.
Para mim, este foi um dos trabalhos de C. Portinari mais
fácil de entender. Se trata de um negro, trabalhador livre dos cafezais. Ele
está em destaque, preenchendo quase todo o plano visual. No quadro, o
modelo aparece bem
mais musculoso do que o normal. A figura deformada com pés e mãos
enormes o que aproxima do Pintor
Portinari ao expressionismo .
Aumentar o
tamanho do corpo de seus personagens era o jeito
que o artista usava para mostrar a
importância do trabalhador
brasileiro.
Pela minha interpretação pessoal, este quadro foi uma
maneira que Portinari encontrou para homenagear quem tanto trabalhou pelo
progresso deste país: os afro-descendentes.
Os Retirantes é uma das obras mais famosas de Portinari
feita a Óleo sobre tela 190 x 180 cm produzido em 1944
Cândido Portinari conseguiu retratar em suas obras o dia a
dia do brasileiro comum, procurando denunciar os problemas sociais do nosso
país (intenção não muito diferente dos demais quadros). No quadro Os
Retirantes, Portinari expõe o sofrimento dos migrantes, representados por
pessoas muito magras e com expressões que transmitem sentimentos de fome,
miséria e tristeza.
Os retirantes fugiram dos problemas provocados pela seca,
pela desnutrição e pelos altos índices de mortalidade infantil no Nordeste.
Assim sendo, contribuíram para essa migração a desigualdade social, no
Nordeste.
CANDIDO PORTINARI, Auto-Retrato - 1957
Óleo s/ madeira, 55 x 46 cm.
Coleção Particular, Brasil
Em 1957, Candido Portinari tem exposições em Paris, Monique. Em Nova York exibe as
obras primas "Guerra e Paz" e
"Mulheres chorando".
Nesse período, pinta este Auto Retrato, que também
pode ser considerado um dos mais importantes porque foi feito no mesmo ano em
que começou a escrever suas memorias: Retalhos da minha vida na infância.
O acabamento dado pelo mestre nesta obra nos revela uma
"caligrafia" caracterizada por pinceladas / linhas finas que ao mesmo
tempo que contrastam e compõem, os cabelos, a armação do óculos, a roupa, descrevem os volumes do
modelo como um todo. O maço de pinceis ao fundo e o "retângulo" azul atrás da
cabeça e do tronco "puxam" a imagem do artista para frente
acentuando o efeito de profundidade. Enquanto em outros Auto Retratos mostra-se
com um olhar ligeiramente semicerrado e misterioso, neste mostra olhos azuis
bem atentos e aguçados. O retrato foi pintado a tinta a óleo
sobre um painel de madeira de 55 x 46 cm.
Fonte:
http://www.proa.org/exhibiciones/pasadas/portinari/salas/id_portinari_auto_retrato.html
http://www.museucasadeportinari.org.br/index.php/portinari/linha-do-tempo/de-1950-a-1957/
Candido Portinari conseguiu retratar nas suas obras, muitas
situações sociais que ocorriam a seu redor, porém sem desagradar ao governo.
Também se aproximou da arte moderna europeia e sem perder a admiração do grande
público. Suas pinturas se assemelhavam ao cubismo, surrealismo e dos pintores moralistas
mexicanos, sem, contudo, se distanciar realmente das tradições da pintura e da
arte figuralista. Mas de qualquer maneira, o resultado é uma arte de
características modernas.
Portinari, Candido Retrato de Maria , 1932 óleo sobre tela, c.i.d. 101 x 82 cm Museu Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro, RJ) |
segunda-feira, 8 de abril de 2013
CANDIDO PORTINARI
Muitos artistas dedicam a vida aos registros da cultura de
seu povo e de seu país.
No Brasil, Candido Portinari foi um deles. Sua extensa obra
nos faz viajar no tempo, através da história.
Café, 1935. Óleo sobre tela, 130X195cm. Museu nacional de Belas Artes - RJ |
Esse quadro por exemplo, foi muito importante para a sua carreira
e para as artes plásticas no Brasil. Foi também premiada nos Estados Unidos. A
obra revela claramente um Portinari preocupado com a vida dos trabalhadores
rurais. A rotina do trabalho, as roupas, as dificuldades, tudo ficou
registrado.
O artista mostra o ambiente rural, uma fazenda de café.
Porém, mais do que tudo, ele nos faz perceber o árduo trabalho do campo.
Observe a cor marrom predominante na tela. Não há céu, não há horizonte, há
sim, uma fila interminável de trabalhadores. Podemos até imaginar seus
movimentos. Veja novamente a tela
inteira. Portinari nos intriga quando deixa somente um rosto à mostra, mistura a terra aos corpos, mostra o jeito
autoritário do capataz, uma tela com movimento, força, drama.
A obra de Portinari sofreu forte influência de seus
primeiros anos de vida. Sua querida Brodowski, cidade do interior paulista,
onde nasceu em 29 de dezembro de 1903, seria lembrada em sua pinturas.
Candinho, como carinhosamente era chamado, sempre foi miúdo
e tinha dificuldade para andar por causa de um acidente. Esse fato foi marcante
para o franzino garoto que achava seus pés pequenos e fracos.
Na fazenda Santa Rosa, onde morava, observava os colonos
trabalhando na roça, principalmente seus
pés, com dedos enormes e fortes.
Desde pequeno, gostava de desenhar e pintar. Aos 9 anos de
idade, trabalhou como auxiliar na pintura do forro da Igreja de sua cidade. Ele
ficou encarregado de fazer as estrelas. Aprendeu então, o Spolvero, uma técnica
de pintura em que se utiliza um saquinho cheio de tinta em pó que é batido
sobre moldes de papel vazado com formatos diversos. Desenhava em todos os
pedaços de papel, até que seu pai o levou para estudar desenho com um senhor que copiava estampas de santos. E então,
com 10 anos, fez seu primeiro retrato: Carlos Gomes.
Retrato de Carlos Gomes, 1914. Desenho a carvão sobre papel, 43X42cm. Coleção particular - RJ |
Sempre elogiado pela família, cada vez mais estava
convencido de que deveria seguir a carreira de pintor.
Aos 15 anos foi estudar na Escola Nacional de Belas Artes,
no Rio de Janeiro, onde teve professores importantes, como Lucílio de Albuquerque,
Rodolfo Chabelland, Rodolfo Amoedo e Batista da Costa. Como possuía pouco
dinheiro, foi morar em uma pensão, encontrava dificuldades até mesmo para pagar
um almoço, mas a sua vontade de vencer era tão forte, que superava tudo.
Aos vinte anos, pintou “Baile na Roça” que foi reconhecido
como sua primeira obra de arte. Foi a primeira tela que Portinari vendeu.
Baile na Roça, 1924. Óleo sobre tela, 97X134cm. Coleção Particular - RJ |
Participou de diversos concurso, em 1928, foi finalmente
premiado, com uma viagem à Europa, pelo retrato que pintou de Olegário mariano,
poeta pernambucano. Recebeu então, uma quantia em dinheiro do governo
brasileiro e foi para Paris, onde, em 1930, conheceu Maria Victória, jovem
uruguaia que ali morava. Casaram-se e viveram na Europa por mais um ano. Lá,
ele não pintou quase nada, apenas andou, observou e aprendeu muito. Conheceu
obras de diversos artistas, como as do pintor renascentista italiano Giotto.
Portinari também apreciava outros artistas: Matisse, que usava cores puras, o
alemão Emil Nolde e o italiano Amedeo Modigliani. As técnicas de Van Gogh e de
Cézanne foram profundamente esmiuçadas por Portinari.
A saudade do Brasil, porém, crescia dia a dia, e Portinari
decidiu rever sua gente e sua terra natal, trazendo Maria, sua grande paixão.
De volta ao Brasil, trabalhou como nunca. Pintou diversas telas sobre sua
infância, e Brodowski. A obra “Café”, foi pintada nessa época.
Fazia esboços com detalhes e os consultava ao elaborar suas
telas. Era também muito cuidadoso com seu material. Usava pincéis importados da
Europa, faquinhas e até pequenos bisturis. Sua pintura foi fortemente
influenciada por Pablo Picasso: após conhecer o famoso “Guernica”, Portinari
chocou o público ao pintar os santos com expressão sofrida, angustiados pelos
problemas humanos. Para ele, “o conteúdo
espiritual de um quadro registra a potência de sensibilidade do artista. O lado
técnico registra o conhecimento e o desenvolvimento da sensibilidade do
artista. A técnica é um meio com o qual o artista transmite a sua
sensibilidade”.
Sua pintura torna-se sem regras, sem formas regulares.
Sua preocupação era o “Homem”. Na obra
“Lavrador de Café”, uma das mais famosas que pintou, retratou força, movimento,
desafio. Observe como o corpo parece estar unido para sempre à terra vermelha,
viva, os enormes pés fincados e firmes sugerindo a busca e a conquista da
terra. A partir de 1936, , desenvolveu a pintura de murais. Nessa época, o
governo brasileiro costumava encomenda-los para serem colocados em prédios
públicos. Pintou a afresco os murais do prédio do Ministério da Educação e da
Saúde, no Rio de janeiro, e o tema foram os ciclos econômicos do Brasil. Pintou
o pau-brasil, a cana-de-açúcar, o gado, o ouro, o fumo, o algodão, a erva-mate,
o café, o cacau, o ferro, a carnaúba e a borracha. Portinari afirmava, que “a
pintura mural é a mais adequada para a arte social, porque o muro geralmente
pertence à coletividade e ao mesmo tempo conta uma história interessando a um
maior número de pessoas”.
Já famoso por sua pintura muralista, em 1943, começou a
pintar os painéis da Série Bíblica. Neles, o pintor expressa a sua amargura
diante da injustiça.
A convite do arquiteto Oscar Niemeyer, em 1944, iniciou as
obras de decoração da Igreja de São Francisco de Assis, na Pampulha, em Belo
Horizonte. Nessa mesma época, trabalhou nas pinturas da série “Retirantes”. Com
essa série, atinge o auge de sua emoção. Resgata imagens de sua infância:
famílias pobres e desabrigadas que passavam por sua cidade. Dois anos mais tarde, iniciou a série “
Meninos de Brodowski” .
Menino de Brodowki , 1946. Desenho a óleo sobre cartão, 94X50cm (aproximadamente). Coleção particular - RJ |
menino de Brodowski, 1946. Desenho a óleo sobre papel, 85X49cm (aproximadamente). Coleção particular - Los Angeles - EUA. |
A partir do final da
de 1940, fez uma série de obras tratando de temas históricos. Nessa
fase, retoma o trabalho em murais, expressando por meio deles seu olhar sobre
os fatos da história do Brasil. Seu painel “Primeira Missa no Brasil”, por
exemplo, representa características mais geométricas, utilizando retas
paralelas e diagonais, para provocar efeitos especiais.
Em 1956, terminou dois painéis para a Sede das Organizações
das nações unidas (ONU), em nova York: “Guerra e Paz”. Nessas obras, usou
poucas cores, linhas retas e formas geométricas, com figuras sobrepostas, sem
preocupar-se com perspectiva e profundidade.
Guerra, 1956. Painel a óleo sobre madeira compensada,
1.400X1058cm 9irregular. Coleção Organização das nações Unidas, Nova York, EUA.
|
Paz, 1956. Painel a óleo sobre madeira compensada, 1400X953cm (irregular). Coleção ganização Das nações Unidas, Nova York, EUA
Observe e compare os dois quadros: um expressa tristeza e
desamparo, o outro, alegria e aconchego.
A obra de Portinari foi intensa e diversificada, pintou
tipos regionais do Brasil, como os cangaceiros e os índios carajás, não gostava
de pintar retratos por encomenda, preferia retratar sua esposa Maria e os
amigos. Pintou também “Desenhos de Israel”, que foram inspirados na paisagem e
no povo do país, depois de uma viagem para lá em 1956.
Portinari adorava conversar com as crianças, ele dizia: “Sabem por que é que eu pinto tanto menino em
gangorra e balanço? Para botá-los no ar, feito anjos.” Denise, sua neta, filha
de seu único filho, João, foi diversas vezes tema de suas pinturas.
Denise com Carneiro branco, 1961. Óleo sobre madeira, 61X50cm. Coleção particular, Belo Horizonte, Minas Gerais
Assim era Portinari, sua maior
preocupação sempre foi expressar o homem por meio de diferentes linguagens e
formas. Suas pinturas retratavam nosso país. Misturando as técnicas que havia
aprendido à sua personalidade, experimentou novos caminhos para os traços, as
cores e as formas que criava.
Sua obra não pode ser rotulada:
apresenta contradições e soluções que superam o artista comum. Não pode
simplesmente ser enquadrada em um
contexto artístico. Ela deve ser entendida com toda a sua força dramática
expressa em cada pincelada.
Muitas pessoas criticavam suas
obras, achavam que as figuras tinham formas exageradas, monstruosas, não
entendiam, o real significado de sua arte.
Até hoje, existem críticos que
provocam polêmica em torno do seu trabalho. Ainda que amplamente reconhecido
por seu trabalho no País, Portinari também encontrou críticos e conhecedores de
arte dispostos a contestar a justiça da posição alcançada pelo artista. Acusado
de desenvolver uma estética de tons fascistas por uns e de adotar um tom
excessivamente engajado de “artista de esquerda” por outros ou de apenas
reinterpretar o cubismo de Picasso sem desenvolver um estilo próprio, o pintor
sobrevive aos seus possíveis pontos fracos, assim como ao próprio mito. Na
edição de 23 de junho de 1993 da Revista Veja, o crítico de arte e editor da
revista Novos Estudos 9Cebrap), Rodrigo Naves, dedicou duas páginas à tese de
que o artista não conseguia libertar-se de um estilo marcadamente sentimental e não resistia a
apelar para as emoções derramadas, ainda que socialmente inócuas, com o intuito
de obter ampla difusão e reconhecimento , por meio do que chama de “empatia
áspera”. Raramente suas figuras conseguem comunicar ao espaço de todo o quadro
drama que em princípio seria seu traço fundamental. E as constantes tentativas
de dignificar os trabalhadores, dando-lhes um porte grandioso, terminaram por
encontrar pouca eficácia, uma vez que dificilmente aquela conformação se
transmite para o restante dos quadros”. Habituado a ouvir e a ler
interpretações como essas, e sem mergulhar profundamente nas discussões que
cercam a obra de Portinari, o filho do artista, João Candido, costuma afirmar,
vendo nisso algo positivo e não como uma deficiência, que seu pai, pintava os
trabalhadores de uma foram digna e exuberante .
A influência inegável de Picasso é vista por outros críticos como
natural. “O veio realista de Portinari ganha reforço na Europa, na época em que
um Picasso neoclássico era o grande modelo” assina-la Annateresa Fabris.
“Portinari é moderno dentro das peculiaridades de modernismo no Brasil”, que
não teve sincronia com os movimentos estéticos do Velho Mundo.
Portinari faleceu em 1962, aos 59
anos, vítima de intoxicação provocada pelas tintas a óleo que utilizava. Sua
principal obra foi deixar gravadas, para sempre, na história e na arte do
Brasil, pinceladas que buscavam a perfeição sob um ponto de vista particular, e
o amor à sua gente , suas raízes, sua história.
Assim como escreveu Jorge Amado: “ Foi um dos homens mais importantes do
nosso tempo, pois de suas mãos nasceram a cor e a poesia, o drama e a esperança
de nossa gente. Com seus pincéis, ele tocou fundo em nossa realidade.”
Portinari, Candido
Meu Primeiro Trabalho , 1921
óleo sobre tela, c.s.d. 25,5 x 23 cm Coleção Particular |
BIBLIOGRAFIA:
* Candido Portinari, Nereide Schilaro Santa Rosa, Editora Moderna
* Brincando com Arte Portinari, Angelica policeno Fabri, Editora Noovha América
* Camargo, Ralph Portinari Desenhista, Rio de Janeiro, 1977
* Fazendo Arte com os Mestres, Ivete Rafa, Editora Escolar
* http://blogillustratus.blogspot.com.br/2010/05/candido-portinari.html
Portinari, Candido Futebol , 1935 óleo sobre tela, c.i.d. 97 x 130 cm Coleção Particular |
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